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segunda-feira, novembro 10, 2003

Querido Diário:

No meu tempo é que era.
No meu tempo, as gajas não tinham estas modernices que se vêem agora. Nada disso. Eram bem ensinadas, eu diria mesmo bem amestradas.
Para já, não havia cá modernices de terem emprego. Trabalhavam em casa e era se queriam, senão apanhavam porrada.
Bem, porrada era sempre, mais não fosse porque sim. Mas fazia-lhes bem.
Não conduziam. Não fumavam. Não diziam palavrões. Não tinham rendimentos independententes dos do marido. Não planeavam a carreira (a carreira delas era cuidar dos filhos e manter o marido bem alimentado e bem aquecido à noite, e a roupa bem lavada, e a casa varrida e arrumada).
Agora é tudo uma desgraça.
Começaram a saír à noite. Sozinhas! Uma pouca vergonha.
Já têm empregos. O que é uma chatice, porque agora não dependem do ordenado do marido, o que lhes dá umas ideias erradas de que são gente.
Até já dão entrevistas na TV!
Um escândalo.
Mulheres de todo o Mundo, escutai-me!
Vós não sois seres com direitos.
Vós sois meramente nossas escravas.
E deveríeis ser felizes nessa condição. Nós nunca nos queixámos, pois não?
Ficai em casa, cuidai das criancinhas e dos vossos maridos. Assim é que deveria ser sempre.
Deixai-vos desses disparates de independência e igualdade e direitos. Que coisa!
Sede felizes no vosso lugar: na cozinha, no quarto e a dar ordens à criada.

boavisteiro

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