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sábado, dezembro 27, 2003

Querido Diário:

Não gosto lá muito do Natal, confesso. O sexo não liga bem com estas épocas festivas. Não sei porquê, mas é assim.
Mas este até correu bem, por acaso. Recebi umas massas que deram mesmo jeito.
Sim, que as gajas são uma despesa do carago.
A gente tem que estar sempre a dar-lhes coisas. Ele são flores, ele são bombons, ele são anéis e brincos, ele são livros, ele são CD's...
Bolas.
Elas bem se podiam contentar com o "coiso", não era? É o melhor que tenho para lhes oferecer. E o que conta é a intenção.
É assim a modos que como os automóveis. Tem que se estar sempre a meter combustível. E o combustível das gajas são as prendas.
Além dos telefonemas, claro.
Sim, que, com cada gaja, temos que decorar montes de datas. Ora, eu, para datas, não tenho jeito.
É o aniversário dela, claro. O da mãe. O do pai. O da avô ou tia preferida. O do gato ou cão. O do nosso "affaire" com ela, que aliás a gente nunca sabe a partir de quando elas contam o tempo. Eu cá, obviamente, só conto o número de quecas que cada uma me proporcionou. E o tempo que demorei a lá chegar.
As gajas são MESMO burras. Então elas ainda não perceberam como nós somos fáceis de satisfazer?
Se elas "fizerem o jeitinho", nós fazemos tudo. Mas TUDO mesmo. Por mais humilhante e degradante que seja.
Por exemplo, as compras. Cá para mim, o Inferno é um grande hipermercado, onde passamos a eternidade a aturar uma gaja chata. E, como é o Inferno, estamos sempre quase a saltar-lhe em cima, mas NUNCA conseguimos.
E claro que temos sempre que pagar TUDO. Mesmo tudo. Elas, pelo menos algumas, protestam, mas pouco, é tudo treta. Elas adoram explorar-nos.
Mas eu até acho justo. Só que é lixado para o orçamento.
Outro acto inumano e cruel que temos que praticar para podermos dar uma boa queca é o Jantar com a Família (dela).
Começa logo pelos preliminares. Temos que chegar lá pelo menos duas horas antes. Ora, como é sempre na hora mais inconveniente, lá se vai aquele jogo que queríamos ir ver, ou aquele filme, ou seja o que for. E depois temos que aturar a vaca da mãe dela e o boi do pai dela.
E ainda por cima temos que ser simpáticos! É o cúmulo do sadismo.
Depois vem a comida. Em geral, a vaca da mãe, além de ser insuportavelmente chata, cozinha pior que os sargentos da tropa. E nós temos que engolir aquele nojo, e sorrir como se fosse a 8ª maravilha do mundo. E beber o mata-ratos que o pai nos impinge, a dizer que é um vinho delicioso.
A seguir é a sobremesa. Por incrível que pareça, a sobremesa consegue ser ainda pior que a comida. Depois andamos vários dias a tomar Guronsan e com cólicas.
E por fim, numa escalada de horror, vem o Pós Refeição.
O Pós Refeição é uma antecâmara do Inferno. Só faltam os tridentes em brasa pelo cu acima.
A única coisa que varia no Pós Refeição é quem nos vai atormentar: o pai, a mãe ou os dois. Mas é sempre horrível. Nem consigo pensar nisso, que me dá logo vómitos.
Mas nós aturamos tudo, sem pestanejar.
Porque uma queca é uma queca.

boavisteiro

sexta-feira, dezembro 12, 2003

Querido Diário:

Estou preocupado.
O Natal é uma altura de muitos doces e comezainas. Ora, eu, nas palavras delicadas da minha falecida bisavó (arde no Inferno, sua porca!), estou "gordo como um chibo".
(Por que será que se diz como um chibo? Já pensaram? Gordos são os porcos, não os bodes. Enfim, mistérios da língua, salvo seja.)
Eu sei que geralmente as gajas é que se preocupam com essas merdas. Aliás, as que mais se preocupam são as que menos precisam. (Mais uma vez se confirma a minha teoria: as gajas são burras.)
Só que eu estou MESMO gordo, por acaso. Bem, por acaso não é. É pela carne... pelos doces... pelo açúcar... pelos copos...
Mas o pior nem é aquelas chatices do costume: roupa só por medida, não caber nas portas, comentários sarcásticos, e isso.
Não.
O pior é que as banhas abafam-me muito o "coiso". O "sempre-em-pé". O "cabeça-no-ar". Para quem ainda não percebeu, e em bom português, o caralho.
Eu já fui magro, por incrível que pareça. Bem, magro, magro, nunca, mas andei lá perto.
Ora, nessa altura eu até nem era mal constituído. Aliás, é de família. A nossa família era conhecida como As Vergas Grandes, epíteto que usamos com todo o orgulho.
Só que comecei a acumular massa adiposa, e aquilo até parece que mingou...
E, digam o que disserem, as gajas gostam de coisos grandes. Vêm sempre com aquelas tretas, para nos consolar, mas é tudo mentira.
Nós também somos assim, não é? Enfiamos aquelas lérias, quando a gaja que andamos a papar tem mamocas pequenas, mas no fundo gostamos é das mamalhudas.
Big is beautiful. Sempre.
Por isso, estão a ver o meu problema.
Felizmente, ainda não apanhei nenhuma nega das gajas por causa do tamanho. Lá por causa das banhas, elas às vezes assustam-se a pensar em todo este esplendoroso corpo em cima delas. (Algumas até gostam, mas essas são doidas. Ou suicidas.) Claro que eu digo aquelas coisas: que se pode dar a volta ao texto, que se não é por cima é por baixo, enfim, os costumes.
Mas qualquer dia, a este ritmo, estou mesmo a ver. Eu a arriar as calças, já de cabeça erguida, pronto para a labuta, e a gaja a rir e a apontar: "Só isso?", "Cresce e aparece!", "Onde é que está o resto?".
As gajas, além de burras, são cruéis.

boavisteiro

terça-feira, dezembro 09, 2003

Querido Diário:

Olhamestagaja. Escreveu-me este mail:

Caro boavisteiro:

Estou chocada com o seu blog. As razões são mais que muitas. Passo a explicar.
1ª Que é que você tem contra as mulheres? Fizeram-lhe mal na infância? Abusaram sexualmente de si (quem lhe dera!)? Bateram-lhe muito, foi? Não o deixavam comer doces?
2ª O Fernando Rocha usa e abusa dos palavrões, e lá por isso acha que tem piada?
3ª As mulheres, para si, são só objectos sexuais? Acorde! O seu tempo já passou! E ainda bem!

Pois, pois, olha, filha, aqui tens a resposta.

Cara correspondente:

1º Ó minha parvalhona, eu dei-te o link do blog, mas não te pedi mais nada! ESTOU-ME A CAGAR para as tuas opiniões, amor.
2º Que é que te deu, filha? Estás com o período, é? Olha, não seja por isso... Há quem não goste, mas eu cá não me importo de escrever as minhas cartinhas de deboche a vermelho, fofa.
3º Andas com falta de peso, é isso? Pois olha, tens que me dar a tua morada. Peso não me falta. Peso 150 quilos de puro amor, querida. Estás a imaginar-me em cima de ti? Me liga, vai...
4º Mais que muitas, e só tens TRÊS coisas para dizer? Perdeste o gás a meio, ou tiveste que ir à cabeleireira? Resigna-te, meu docinho: TU ÉS MAIS FEIA QUE UMA BOTA DA TROPA SEM CORDÕES!! Não há cabeleireira que te safe, nem que ela fosse a Nossa Senhora dos Milagres.

Que coisa.
Querido Diário, nem imaginas. Tenho recebido CENTENAS de mails deste teor. Centenas?? Muito mais!! Dezenas!!
Haja pachorra.
Meninas, prestem atenção e não me chateiem mais com as vossas opiniões.
EU NÃO QUERO SABER O QUE VOCÊS PENSAM! Aliás, vocês não pensam. Está cientificamente provado que o bicho-fêmea é incapaz de pensamento racional.
Quem não goste, que não leia.

Dito isto, querido Diário (perdoa-me este desabafo), quero contar-te uma coisa.
É por causa da merda das prendas que tenho recebido no Natal.
Sabes o que tenho recebido, em média? Perfumes. Camisolas. Perfumes e camisolas. Camisolas e perfumes.
MAS QUE É ESTA MERDA????
Perfumes???? Camisolas????
Atão e CD's dos Metallica, hein? Nunca ouviram falar?
E jogos, pôrra! Jogos de computador!
Mas atenção, só jogos intelectualmente estimulantes: pinball e porrada.
Já livros, depende.
Uma boa história de terror, com muito sangue e cenas de queca exóticas, ainda vá. Não é natalício, mas eu não tenho cara de Pai Natal, pois não?
Agora, aquelas merdas tipo Paulo Coelho ou Margarida Não-Sei-Das-Quantas? Poupem-me, tá?
Bem, ok, quanto a vestuário, digamos, abro uma excepção: gravatas.
Adoro gravatas. Nem que sejam pirosas. Lembram-se da Imelda Marcos, que tinha a paranóia dos sapatos? Pois eu tenho a paranóia das gravatas.
Primeiro, as gajas adoram um gajo de gravata. Derretem-se todas. É incrível, mas é verdade. O que prova a minha teoria: as gajas são basicamente burras.
Além disso, já pensaram na quantidade de coisas que se podem fazer com uma gravata? Nos momentos de intimidade, leia-se, queca? Pois é.

boavisteiro

segunda-feira, dezembro 01, 2003

Querido Diário:

Ando a pensar em mais classificações das gajas. Sim, que nisto de gajas devemos ser científicos, metódicos, etc. Não adianta a ponta dum corno, que elas dão-nos sempre a volta, mas prontes. Ao menos sempre nos vamos entretendo, e pensamos que assim vamos conseguir melhores resultados.
Para começar, temos a Gaja-Elevador. É aquela que a gente passa a mão, e abre logo. Mas é uma raça de gaja bastante rara, infelizmente.
Também há a Gaja-Iogurte. Não nos faz mal à saúde, mas sabe mal como o raio.
Depois, temos a a Gaja-Cerveja. Se se abana muito, sujamo-nos todos. E sabe a bolor.
Temos ainda a Gaja-Computador. Avaria no pior momento, e nem com manual a gente consegue fazer o que quer.
E há a Gaja-Bebedeira. Não vale nada, mas enquanto dura pensamos que é a coisa melhor do mundo. No dia seguinte, quando acordamos e nos lembramos, até vomitamos. E andamos com ressaca vários dias.
Outro clássico é a Gaja-Rádio de Pilhas. Demoramos três horas a conseguir sintonizar e, quando conseguimos, já acabou o programa que queríamos ouvir.
Mas as gajas não são todas más, note-se. É que nos vale.
Por exemplo, a Gaja-Hi Fi. É cara como o raio, mas tem cá uma potência... Dá trabalho a ler as instruções, mas compensa. E fica sempre bem para mostrar às visitas.
Também temos a Gaja-Marisco, igualmente cara. Faz bem à saúde, dá-nos muito status, e é uma delícia. O pior são as doenças. Mas não há problema: deixa-se alguém provar primeiro, a ver se fica doente.
Há ainda a Gaja-Mercedes. Qualquer merceeiro tem uma, a manutenção é muito cara e tem pouca aceleração. Mas, depois de lançada, faz uma boa média. E Mercedes é Mercedes. E gasta pouco aos 100.
Para finalizar (por hoje), temos a Gaja-Autoestrada. A portagem é cara, e de vez em quando anda em obras. Mas vale sempre a pena, porque chegamos lá em metade do tempo.

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